sábado, 29 de agosto de 2009

A condição de servo

A temática do serviço cristão que ora estudamos nos faz lembrar a nossa condição de servos. Se olharmos para o antigo testamento, vamos descobrir duas categorias de servos: os trabalhadores, de alguma forma assalariados, e os escravos. A orientação do Antigo Testamento é que nenhum dentre o povo de Deus poderia ser tomado por escravo (Lv. 25:39; I Rs. 9:22), mas se por alguma dificuldade isso ocorre-se, no sétimo ano estaria livre (Ex. 21:2; Dt. 15:12). O que está implícito nesta questão é que todos são servos do Deus altíssimo (Ed. 5:11; Sl. 116:16; 135:14; Dn. 3:26).

Quando os escritores do Novo Testamento começaram a elaborar teologicamente sobre esta condição de “servos de Deus”, utilizaram a mesma nomenclatura “escravos”. A palavra, no grego, é doulos, e é a mesma palavra usada para os escravos existentes entre os romanos. Há, aqui, um paradoxo: somos livres (Gl. 5:1) e somos escravos; somos filhos (Jo. 1:12) e ainda sim escravos. Como entender isso?

No Novo Testamento são 124 ocorrências da palavra doulos, sendo que as maiores incidências são: 30 em Mateus, 26 em Lucas e 30 nas cartas paulinas. O estudo de algumas dessas ocorrências e do contexto em que o Novo Testamento aplicou doulos ao servo de Deus e ao próprio Jesus nos ajudará a esclarecer o assunto.

Em primeiro lugar, vale considerar o valor da liberdade para os gregos. Serem homens livres era fator de regozijo para eles. O Novo testamento questiona essa liberdade, pregando que a pior escravidão existente é aquela que aprisiona o homem ao pecado. Jesus disse: “Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (Jo. 8:34). Paulo também usa a expressão: doulos tes hamartias, “escravo do pecado” (Rm. 6:17).

Em segundo lugar, não há no Novo Testamento nenhum sentido de libertação para o nada, para o vazio, para se fazer o que der vontade, segundo as próprias intenções do coração. O sentido da libertação do Novo Testamento é de uma condição de servidão opressora para uma condição de serviço libertador. É isto que vemos em Rm 6:18: “e libertos do pecado, fostes feito servos da justiça”.

Em terceiro lugar, há que se considerar que todo servo possui um senhor. Em relação aos cristãos, seu Senhor, soberano, que comanda um novo Reino de justiça, de paz e de alegria. Os servos de Deus devem ser obedientes a este Kurios, cumprindo sua vontade e contribuindo para a expansão do Reino na terra. Paulo exorta aos crentes de Roma: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm. 12:11).

Em quarto lugar, vamos encontrar em Jesus o exemplo máximo de servo. Em Isaías. 53:4, ele nos dá uma amostra desta condição do Messias: “verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas dores e enfermidades, e carregou as nossas dores, e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”. Mas também o Novo Testamento descreve Jesus nesta condição. Vamos tomar o texto de Filipenses para exemplificar isto: “De sorte que haja em vós aquele mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual subsistindo em forma de Deus, não usurpou ser igual a Deus, mas antes se esvaziou de si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte e morte de cruz” (Fp. 2:5-8).

Em suma, quando o crente responde o chamado de Cristo para o serviço, está tão-somente dispondo-se a seguir as pegadas do Mestre, que foi o exemplo maior de desprendimento, amor e serviço.

3 comentários:

  1. Divulgarei com muito prazer,

    estarei me informando melhor nos seus blogs, e depois divulgarei por aqui.

    Fique com Deus!

    ResponderExcluir
  2. Irmão Maxmiler!

    Bom demais este seu ensaio!

    Deus te bendiga sempre!

    Danilo

    ResponderExcluir
  3. Querido Danilo Fernandes, como vai? Tudo bem?

    Agradeço profundamente seu comentário, principalmente por se tornar seguidor deste blog, eu já o acompanho há algum tempo e leio suas postagens com certa frequencia, gosto muito.

    Deus lhe abençoe e conserve firme n'Ele.

    Maxmiler Freitas

    ResponderExcluir